(Classe S - X140): O projeto Classe S 800SEL W18

No final dos anos 80 e início dos anos 90, a Mercedes-Benz quase construiu um motor de 18 cilindros. Planos foram feitos para o enorme motor, mas ele nunca passou dos planos.

Fazer mais com menos tornou-se uma forma de arte. Turbocompressores e sistemas de injeção direta de combustível ajudaram a extrair mais potência de motores menores, mas nem sempre foi assim.

Muito antes de o termo “downsizing” entrar no jargão da indústria, os fabricantes de automóveis procuravam formas de fazer mais com mais. A Mercedes-Benz considerou o V16 experimental da rival BMW e os 18 cilindros que foram descartados pela Rolls-Royce e Bugatti.

“A Mercedes é uma empresa construída em torno da primazia da tecnologia, de modo que os engenheiros têm um grau alto de liberdade para pelo menos pensar em soluções incomuns", disse um porta-voz do departamento de arquivos da empresa. Para esse fim, com o trabalho no V12 de 6.0 litros já em andamento, uma pequena equipe dentro do departamento de pesquisa e desenvolvimento da Mercedes-Benz começou a trabalhar em seu primeiro motor de 18 cilindros.

É razoavelmente fácil ver o apelo de um motor de 18 cilindros para uma empresa impulsionada por engenharia como a Mercedes-Benz. Era um layout que ninguém tinha dominado antes, pelo menos não para um carro de luxo produzido em série, e fazer o certo apresentou vários desafios técnicos importantes. O mais básico era simplesmente colocar 18 cilindros sob o capô de um carro como a Classe S, sem fazer com que parecesse um desenho animado. O motor também precisava cumprir com as regulamentações de emissões cada vez mais rigorosas em mercados chave, como Europa e América do Norte, apresentar um consumo de combustível aceitável e manter a calma mesmo quando se aproximasse do limite nas Autobahn. A Mercedes-Benz sabia que a empresa que superasse com sucesso esses desafios, teria o motor de maior prestígio do setor e por isso jogou dinheiro no projeto.

Fazer um V18 com 2 blocos de 9 cilindros teria causado um pesadelo. Em vez disso, os engenheiros de Stuttgart adotaram uma configuração W mais compacta, com 3 blocos de 6 cilindros. Eles não projetaram o mecanismo totalmente a partir do zero. Utilizou-se uma derivação de 2.6 litros já oferecidos nas W201 e W124. A configuração deu ao motor de 18 cilindros cerca de 8 litros de cilindrada, o que significa que ele poderia se tornar o 800 SEL.

Documentos localizador nos arquivos da Mercedes-Benz indicam que o projeto apresentado aos membros da diretoria descreveu 2 variantes distintas do motor. O primeiro seria uma unidade relativamente básica com 2 válvulas por cilindro e uma potência de 490 cavalos. É o que teria alimentado o hipotético 800 SEL. O segundo teria recebido uma série de modificações (incluindo um cabeçote com 5 válvulas por cilindro) para alcançar uma potência de 680 cavalos. A Mercedes-Benz imaginou-o como o coração de um super esportivo. Seria o Veyron dos anos 90.

A Mercedes-Benz nunca chegou a testar o motor. Ele nunca foi além do estágio de projeto, então ninguém ouviu o que os 18 cilindros dispostos em W rugiam. Mas enquanto a empresa desativou o projeto e nunca mais falou sobre ele, ele preservou cuidadosamente os cortes técnicos mostrados à diretoria.